The Antipodes

In 2013, I began a research in creation with the Individual Aid to the Creation of the DRAC-Ile-de-France. I explore various iconographies linked directly or indirectly to the discovery of the New World. Research conducted between Madrid, Lisbon, various cities in Brazil as well as Copenhagen, it gives rise to several paintings between 2013 and 2015.

The body of works resulting from this year of research and production gave rise to the exhibition at Phantom Projects Contemporary, entitled MUNDUS NOVUS – Part I: Les Antipodes, from September 13 to October 18, 2014, in Marigny-le-Châtel , France. Text by Yannick Courbès, curator at MUba Eugène Leroy, Tourcoing, France.

Mundus Novus : Les Antipodes

Yannick Courbès, conservateur adjoint MUba Eugène Leroy, Tourcoing, France.

Appréhender l’œuvre de Juliano Caldeira comme on envisage une simple image peinte serait se méprendre d’une part sur la peinture elle-même et d’autre part et surtout, sur la formalisation de l’image sur la toile. L’oeil distrait ne découvre que la surface: un univers hybride, fantastique, fantasmagorique, peut-être. Mais il faut se plonger bien plus profondément dans son oeuvre pour entrevoir ne serait-ce qu’un instant, le combat qui s’y joue.

Par la série Mundus Novus et son premier volet « Les Antipodes », Juliano Caldeira contamine les images. Né au Brésil, pays qui fut ce « Nouveau Monde », et qui ne l’est plus depuis, car l’idée même de « nouveau monde » a disparu dès lors que le premier pas fut posé sur cette« terra incognita » et l’a irrémédiablement contaminée (délibérément et involontairement), l’artiste s’emploie à révéler les mécanismes d’une colonisation culturelle et au mieux d’un métissage forcé. Car Juliano Caldeira joue de l’hybridation pour mieux nous faire appréhender une vérité mal assumée, une réalité mal consommée. Néanmoins il ne faut pas se fourvoyer. Il n’agit pas uniquement et simplement sur les images. Il ne reconstitue pas véritablement une image mais tente de créer une image juste. Une image qui désire partir à la recherche des fantômes de l’artiste et parallèlement nous révéler les nôtres. Pour cela, il s’entoure d’une foule de reproductions: d’oeuvres, de photographies (prises par lui même ou simplement glanées sur internet), ou tout bonnement d’objets. Dans son atelier, on peut être très intrigué des imbrications entre elles aux murs et au sol. Elles s’accrochent et se rapprochent, discutent et se disputent. Sur la toile, il ne retiendra qu’un détail, une trace parfois comme le ferait notre cerveau lorsqu’il tente vainement la reconstitution d’une expérience visuelle avec ce que le souvenir pervertit et rêve la réalité. Sur la toile, l’image remaniée, bouleversée, détruite puis reconstruite rejoint ainsi son sens politique – sans pour autant d’ailleurs faire une peinture politique, l’artiste peint politiquement. Et plus largement c’est le sort fait à ces images qui intrigue. Car au delà de la substance réelle qui se dégage des oeuvres, il est parfois difficile de saisir immédiatement son lieu, son espace, sa représentation. Il joue ainsi sur l’incarnation de la présence autant que sur celle de l’absence. Tous les motifs, toutes ces choses et personnages représentés, les paysages et les objets acquièrent une dimension quasi caricaturale: par le cadrage et les échelles, la monstruosité des transformations, l’inadéquation des formes, la liberté des couleurs, des touches et coups de brosse. Et c’est là que l’intention du peintre apparaît. Car avant d’être une formalisation, la peinture est une matière vivante qui désire garder toute son indépendance et avec laquelle il faut se battre.

Métaphores et métamorphoses, les oeuvres de Juliano Caldeira sont une confrontation positive avec l’Autre et soi-même. Elles déstabilisent, en même temps qu’elles libèrent. Et l’artiste les manipule pour conceptualiser le lointain, en même temps qu’il décontextualise le présent, et l’instant. Tout, image et matière, objets et personnage, alors, entrent dans une sorte de danse macabre sensible.

Mundus Novus : Les Antipodes

Yannick Courbès, conservador adjunto do MUba Eugène Leroy, Lille, França. Agosto, 2014.

Apreender a obra de Juliano Caldeira pensando-a como uma simples imagem pintada seria menosprezar de uma parte a pintura por ela mesma, e de outra parte e sobretudo, a formalização da imagem sobre a tela. O olho distraído descobriria somente a superfície: um universo híbrido, fantástico, fantasmagórico, talvez. Mas é necessário mergulhar bem mais profundamente em sua obra para entrever, pelo menos um instante, a batalha que existe dentro.

Para a série Mundus Novus e seu primeiro “capítulo”, “Les Antipodes” (Os Antípodas), Juliano Caldeira contamina as imagens. Nascido no Brasil, país que foi este Novo Mundo, e que não o é mais desde então – já que a ideia mesmo de “novo mundo” desapareceu desde que o primeiro passo foi dado nessa “terra incognita” e à irremediavelmente contaminou (deliberada e involuntariamente) – o artista emprega-se a revelar os mecanismos de uma colonização cultural, no mínimo de uma mestiçagem forçada. Pois Juliano Caldeira usa a hibridação para melhor nos fazer apreender uma verdade mal assumida, uma realidade mal consumada. No entanto, não nos podemos nos enganar. Não se trata unicamente e simplesmente de imagens. Ele não reconstitui verdadeiramente uma imagem mas tenta criar uma imagem “justa”. Uma imagem que deseja partir em busca dos fantasmas do artista e paralelamente revelar os nossos. Para isso, ele se rodeia de uma multidão de reproduções: obras de arte, fotografias (pessoais ou simplesmente tiradas da internet), ou simplesmente de objetos. No seu ateliê, podemos nos intrigar com as imbricações entre elas nas paredes e no chão. Elas se agarram e se aproximam, conversam e competem. Sobre a tela, ele fixará apenas um detalhe, uma marca às vezes, como o faria nosso cérebro quando ele tenta inutilmente reconstituir uma experiência visual com aquilo que nossa lembrança corrompe e imagina da realidade. Sobre a tela, a imagem remanejada, abalada, destruída e então reconstruída retoma assim seu sentido político – sem fazer uma “pintura política”, o artista pinta politicamente. E mais abertamente, é o destino dado a essas imagens que nos intriga. Além da substância real que emerge das obras, as vezes é difícil captar imediatamente seu lugar, seu espaço, sua representação.

Ele joga assim com a incarnação tanto da presença quanto da ausência. Todos os padrões, todas as coisas e personagens representados, as paisagens e os objetos adquirem uma dimensão quase caricatural: pelo requadramento e pelas escalas, a monstruosidade das transformações, a “inadequação” das formas, a liberdade das cores, as marcas dos pincéis. E é aí então que a intenção do pintor aparece. Pois antes de ser uma formalização, a pintura é uma matéria viva que deseja guardar toda sua independência e com a qual é necessário lutar.

Metáforas e metamorfoses, as obras de Juliano Caldeira são uma confrontação positiva com o Outro e consigo mesmo. Elas destabilizam, ao mesmo tempo que elas libertam. E o artista as manipula para conceitualizar o longínquo, ao mesmo tempo que ele descontextualiza o presente e o instante. Tudo, imagem e matéria, objetos e personagens, então, entram num tipo de dança macabra dos sentidos.